terça-feira, 1 de janeiro de 2008


TONTO MAR

Córrego que volta e meia garoa
como uma cólica que réstia nua
daquela sombra que navega na sua canoa
como os rodapés dos restos e dos atalhos que ecoam

Mundo que de tão vasto, dói
como uma boca que do anzol flutua
daquele ato delicado que me rói
como uma ré que navega semi-nua

Vela que esmola o gás
como uma ponta de uma lua que me empresta
de uma estrela que sibila e que quer sempre o fly
semelhante a uma frágil ternura que o vento me pesca

Céu que da terra sou como um bicho
me bronzeio no prumo de uma onda sem fim
como o lume à deriva, prisioneiro de um cisco
o resto daquele sujeito, esqueleto, amuleto, um rim tão ruim

E a maresia que chega e parte e levanta a onda tão quente
invadindo asas, charcos, silêncios e varais
que mais parece uma maré tão letal e tão lente
a verdadeira história do tempo e dos seus horizontes e dos seus bonsais.

Cgurgel

Nenhum comentário: