terça-feira, 8 de janeiro de 2008


PARA ALLAN GINSBERG


& eu
que uivei como um cão danado pelas esquinas da década de 60
& eu
que me encharquei de drogas & sexo & rock nos inferninhos da década de 70
& eu
que me banho de álcool & solidão nas páginas da década de 80

continuarei sendo aquela poetisa maldita meio beat meio louca
meio rock meio boba & tão necessária quanto uma garrafa
vazia de refrigerante ou um copo de papel usado?

continuarei derramando o meu sexo no asfalto das avenidas
ensopadas de sangue& vidros partidos?

continuarei dividindo o meu rosto nos retrovisores dos taxis
& xerocopiando o meu corpo em cada farmácia da esquina?

& se não tivesse feito tudo isso
& se não fizer tudo isso
vale a pena
ainda
estar viva?


Clotilde Tavares - Campina Grande / PB

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