segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


COMO UM FOLE QUE FODE E FUÇA


Fescenino como fetiche. Como ceticismo. Como catecismo. Como se lambusar com o verbo e com o sexo. Como copular com interjeições, parágrafos finais e reticências. Fescenino como interrogar a pele do imaginário. Como blasfemar da vida como poesia que se faz carne. Como comer todos nós.
Fescenino é como baixar no espírito do outro o clímax de um orgasmo anunciado.
Fescenino são trombetas, bucetas, antenas de uma raça instintiva e de uma caça intimista.
Será que os poetas fesceninos atingem o orgasmo carnal? Ao orgasmo verbal?
Fescenino é como confessar coitos por cima de sussurros silábicos, arábicos e aromáticos.
Fescenino é a epidemia do epidérmico.
Fescenino é como preencher uma página em branco recheada de punhetas, masturbações e ejaculações noturnas, litorâneas, linguísticas, religiosas, agnósticas, sertanejas, vanguardísticas, clássicas, eruditas, sacanas, bacanas, fatais, fetais, legais, amorais, sociais, elementais.
Fescenino é como fuder ao redor de todos. Escancarar com a pele do verbo a luxúria de uma foda que não tem fim.
Fescenino é trepar, fuder, engasgar, engrenar, salivar, chupar e se deixar levar.
Levar lavando línguas, corpo, pescoço, ombros, pernas, estômago, pica, chiranha e o umbral de terminações nervosas do que é velado como orifício anal.
Veado, puta, rapariga, menina de engenho da cana sacana. Arrebites de cús e lundúns. Esfregações, fornicações, empilhações do instinto que se quer reino. Fode, foda, fode.
Furdunço de uma estação que hospeda nos seus vagões os culhões, fundições, janelões abarrotados da tesão que acompanha corpos e partos. Partidas e chegadas.
Lusco-fusco de gritos, arrepios, clemência, gozo, orgasmo, cume da felicidade carnal, clímax, apogeu e o pau no seu.
Na sua como na minha tesão, arrastando a voracidade das nossas maldades, beldades. Cisternas de dedicados discípulos. Que se unem como corpos que se atraem.
Carne anal. Carne que tal. Carne legal.
Troca-troca de punhetas. Libidinosa e licenciosa concessão das nossas mãos. Que apertam e silenciosamente se despedem. Acompanhando o circuito febril que o clima dos dedos exige.
Sangue, suor e sexo. Hemisférios de adeptos e simpatizantes de uma animalesca orgia. Uma torre babelesca, que apadrinha matérias e espíritos.
Empunhetemos em punhetas putais. Que na mão que esfrega e escreve, reside o libidinoso. E o escrôto do sermão, tão vilão, se entregue, não se arrenegue.
Que todas as vontades de quem dispõe de elementos, ferramentas, especiarias, indicações do proibido. Do que naquela esteira do sagrado e profano se manifesta.
Sim, somos procurados pelas putas idéias. Pensamentos que entram e saem, vão e vem. Vêem vãos de sacanagens, imagens, colagens de corpos superpostos.
Putaria generalizada, incrementada, vomitada como se fossem feses, fases de uma imaginação fértil de falas, felas e falos.
Disputemos a punheta de quem te pariu. E partiu para sempre como brazão que arde, e que antes arte do que tarde, transborde partos de mim.
Se serve e é servido por obra e graça de algum espírito redimido. Revigorado como sémem que escorre por entre dedos e alegorias, geringonças, armadilhas da alma.
Lépida e calma. Canastrão tanto faz aqui como em Amsterdã. Principalmente ao redor da gente, como quem pulsa e agita peles, ossos, pescoços, ginitália e a tropicália ambivalência dos trópicos.
São como tentáculos de tentativas mis. Que penetram e enxergam o sexo, a escuridão do escrôto. Que vão como lâmpadas e fogueiras do fogo ir-
rompendo barreiras. Violentando costumes e a bendita precisão de uma ordem que reina no reino da paixão descabida e extenuante. Nuances de gélidas mãos que circundam, circulam lagos de corpos. Banhando rios, istmos de inteira libertinagem.
São como veados, putas, senhores administradores do caos epidérmico. Um vuco-vuco de uma engrenagem mecânica, que pode ser até operária da imaginação que corre solta nos umbrais dos nossos ombros de inteira irresponsabilidade de uma fé que transita como se fosse um aeroplano, um aerofólio, um flanelógrafo dos nossos imensos currais carnais.
Sim, a vida é foda. É uma soda limonada que se derrama por entre pernas e pés e que atravessa a tentação de uma tesão que não tem mais fim.
É uma vulcânica impressão da pele que ressuscita como só ela quer, a quermesse de putarias e loas que atingem quarteirões e os foliões que vão se lambusando através de um líquido gasoso e fanhoso chamado gála.
Sim, a gála é fanhosa. Ela nos labirintos da carne que percorre e se esparrama e provoca intimações de uma infinitude de desejos. É como o subejo do beijo. Como uma carência que nos espanta. É que na cama e na fama de quem se deita ao redor do orgasmo que sempre está no próximo, acautela-se de amores de um pudor que extravassa períodos menstruais e mensais.
Somos carne e somos espírito. Espíritos rasteiros. Brejeiros de uma roça que enrosca com seus jardins e cupins tudo que encontra pela frente.
Raparigas, pré-adolescentes, terceira idade ou ainda o que está na gestação. O mundo é uma irresponsável putaria. Como uma máquina de fiar que enfia gula à dentro o instinto selvagem de nossas mais animalescas alegorias. Numa precisão indescritível que enfileira rabos, bucetas, cús, códigos anais e a mais alta patente da nossa potência de irrestrita solidariedade aos nossos antepastos cavernosos.
O instinto como a paixão carecem de rédeas. Elas, as duas, são irmãs da perdição. Que se encontram na beira de um lago habitado por imagens sacanas.
Mexer com a pele de quem se sacia com o intestino de quem lhe deu, é o mesmo que fermentar a planície onde a urbe de ubres alimenta o repertório dos nossos ossos.
Mexer com esse mundo que a gente vive é multiplicar pecados, verdades e mentiras . É como voce comer tudo que encontra pela frente, traseiras e laterais. Genitais e que tais.
Sim, precisamos do sexo, o sexo puto, o sexo duplo, o sexo canal, o sexo grupo. O topo de uma torre babelesca, como se fossem filmes fellinianos. Que vão comendo pela beira, na ribanceira de outros corpos que se acutuvelam como uma manivela.
A vela acesa que incendeia cópulas de uma eternidade, de um gesto, de um momento, de uma fração do segundo, terceiro e quarto quartos, bundas, acepipes, penumbras de protuberâncias, amantes de um colar, anel que cola na pele e na alma.
A lavanda, a fragrância do cheiro do corpo. Da pele que vai se arrastando e comendo tudo que encontra pela frente. De costas então é como se fosse uma multidão que não olha para trás, só vai na frente de quem ficou para trás.
E o beco da boca que bica seios e a pica de quem endureceu desejos e reticências.Repetições de vezes mil. Como um canil de urros escuros. Burros da animalesca folia. Pandemônio que transfixia ares, lares e mares.
Pomares do pecado exposto. Colostro e colosso de nossas multidões impávidas como o mastro de uma nação de pecaminosas hordas. Cordas, florestas de hastes e profundas brincadeiras carnais.
Matagal, matadouro de gálas e espermas. Depósito de abre pernas e abre folgas. Falos da nossa sinfonia carnal.
E quando irrompe na sala dos nossos mais inconfessáveis desejos o bacanal de um troço que não tem fim, préstimos da solidariedade são lançados ao ar como um perfume embriagador, irmão de infinitas bondades e beldades.
São como circos de salivas, salinas de sóis que borrifam caras, olhos e a esfuziante e arrepiante odisséia das nossas canibalescas emoções úteis.
Como uma mão que puxa a outra no despenhadeiro de brazões e tensões corpóreas. Alíseos ossos da nossa sala de estar.
Como estando por cima, ou estando sob olhos que nos vêem e consagram com os seus olhares, os milhares de gestos, arrepios, grunhidos espremidos e sustendidos como uma aeronave de alturas nunca pensadas e prensadas.
Por isso que poetizar através de versos o fescenino sexo que carregamos e arreganhamos no alforje das nossas vadias emoções, é como se fosse um trem que descarrila, que pega transeuntes, transas que unem.
Quem lida com a sina do verbo do sexo, sempre estará em trânsito. Olhando a vida como uma grande trepada. Travestido de uma ampulheta, um visionário tesouro, um arcabouço de descobertas e filões.
Quem lida com o sexo exposto e o colosso de monumentais ancas, sempre estará na proxima esquina, tendo o auxilio luxuoso de uma bolsinha com rímel, batons, patuás. Como esperando perfumes, esfregações, presentes. E a ausência de quem não se deixou levar.
Assim, fesceninos somos todos nós, travestidos de um varal consumido pelo tempo que celebramos procurando pela bela metade dos nossos instintos.
Fesceninos, são as mãos que se entrelaçam e caçam como aves e bichos da mata virgem, todas as florações das nossas estações na terra.
Fesceninos, são as gerações que fermentam como uma janela que não se abre, quindins e jasmins, querubins e pantins .
Fesceninos, são todas as noites, gestos, jardins que guardamos nos travesseiros das nossas estradas que arremessam e surrupiam joaquins e joanas, josés e juremas.
Romarias de pedintes epidérmicos. Lenhas que emitem pelo chão o solar que ilumina pagãos e a crista de um canto que libera aquecimentos e o calor das pernas cruzadas.
Assim, sejamos gratos ao esperma, ao capiroto que não duvida da nossa intensidade carnal.
Sejamos, pois, como soldados, arqueiros de uma guarnição de prazeres, posto que o amor , como poetizando o que já foi dito, só é eterno enquanto dura. Dura e penetrante emoção, de quem fala com o sexo o prazer que se colhe. Culhões e imensidões de corpos nús como angús tão requentados, exibição da cronologia dos nossos gestos, degustes de temperos e almíscar penetrando o paraíso das tentações pedidas.
Felling e fela. Pala e pêlo. Foda e peido. Peitos e leitos. Céus e cús. Xibiu e psiu. Esperma e espera. Cacete e macete. Gay e gála. Reta e reto. Trepada transada.
Celebremos, pois, a eterna intensidade existente na pornografia, fotografando com o seu olhar, o descaramento dos suvenirs da constelação corpórea. E a profundidade de um pau prá toda obra perpetuando espécimes de uma raça que fode e que goza. Que a tudo é permitido, prometido, sustendido.
Sim, instinto. Obsceno. Licencioso. Fescenina mina. Fescenina face. Que nasce, indisciplinado osso, e que tempera com o fogo que irrompe pelas suas margens, a fogueira onde ardem boquetes e banquetes.
Obscena cena. Templário onde estão expostos pelo prazer que a carne encerra, a selvageria de uma poesia libertária.
Hóspede de riachos e vulcões. Tentações e paraísos. Volúpias e fornicações dos nossos desejos. Como sacramento. Testemunho. Protagonista de uma erupção que rasga hímens e sobre-cús. Xibius e bocas vadias. Assim como a vida que se multiplica com seus instrumentos e seus milhares de inconfessáveis estios. Ave! selvas e batuques. Carícias na cara e na boca de quem não gozou.Como o néctar de um esperma que se perpetua.
No céu da boca de quem beija. Na nossa língua que vai e vem. No entra e sai da paixão. Assim foi, assim é e assim sempre será.

Cgurgel

Nenhum comentário: