quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


ITINERÁRIO DA GASTRONOMIA QUE ME CONSOME


Sábado: ler Ana Cristina César, Manoel de Barros, Caio Fernando Abreu, José Bezerra Gomes, Marize Castro, Eli Celso da Silveira.
Feijoada Literária: Limbo Quinquilhareiros: Márcio, Gabriel, Dani, Letícia, Danina,Cabral, Renan, Davi. Lá encontro livros que preciso e amigos que são abismos preciosos. Repensar estúdio: minha gosma de letras.
Ouvidos. Microfones. Vozes. Silêncios e grunhidos.
Hora do lanche: Sacio-me como um vigilante. Uma enorme vontade de passear por campos e praias: reler papai o tempo todo. Como uma bússola, uma travessa com petiscos da alma genuína de um povo que canta, dança e rodopia lembranças e lealdades.
Domingo: Almoçar cds: um poeta português, Cid Campos, ouvir/ler "Brouhaha" com Afonso afinando timbres e versos. Papear com o sol que me rodeia. Balançar na rêde onde se pesca promessas de um tempo que virá.
Clima de um planeta que depende dos compassos dos seus habitantes.
Morro do Careca onde hospeda Fernanda Tavares, Dora Cortez, Geórgia Rêgo, Marina Elali, Tereza Tinoco, Mônica McDowell, Iracema Macedo.Tenda de beleza e inquebrantável sincronicidade paradisíaca.
Antropofagia de mariscos e caldeirões. Velas que singram a praia que amanhece insana e insone.
Serviço de cinco estrêlas para quem dispõe de três ou quatro palavras que convençam a tábua de marés da nossa tão decantada corujice globalizante, a cerrar fileiras no quesito de aceitação incondicional para quem vem da escória, da esbórnia, sem história.
Vatapá dos filhos de Xico Daniel. Gororoba do som de Marcelo Gandhi.
Strogonoff da delícia de ouvir Valéria Oliveira. Banana split da imensa legião de grafiteiros e designers que constroem pontes e sobremessas de pantins por sobre o mar bravio da nossa fome, regida pela inclemência de modismos e purpurinas perpétuas. Esqueletos, aborígenes, nativos.
Promiscuidades de uma província que se perdeu.
Inchaço. Diarréia de euros e neuras. Nervuras que cortam como uma
navalha afiada o coração de um povo. Cidade que celebra yankees e a ocupação do solo, como um imenso e inesgotável transe.
Comer letras. Fazer cooper e jejuar.
Restaurante? Para onde ir?
Estou em casa. Ao redor dos meus poemas e delírios xinfrins.

Cgurgel




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