quinta-feira, 3 de janeiro de 2008


VIOLETRA


Deixo para você essa memória
Essa lembrança
Essa vontade

Deixo para você
As minhas vestes
Ensangüentadas de luzes das avenidas contemporâneas
Do cheiro das maçãs enfileiradas de culpas e desculpas

Deixo para você
Todos os presságios
Todos os pressentimentos
Todos os urdimentos dos bichos que compreendem a natureza

Deixo tudo:
A minha voz
Os meus olhos
E o fantasma dos meus dias
Tão lânguidos e escorregadios

Por fim
Só um lembrete:
O que me fortalece são as ondas do mar
O sal que nele habita
A cor obscura que tintura palavras e medos

Estou só
E suo de viver.


Cgurgel

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