segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


NAUFRÁGIO



Como estão as coisas que movem e transcendem moinhos? Aqui pelo que escuto, o comércio das putas, promove pelas suas artérias uma infindável e tragicômica platéia. São bispos, sobreviventes da segunda guerra, apócrifos farmacêuticos e os apologistas de plantão, que de tão entusiasmados com esse calor e besunto que são oferecidos pelas feiras da cidade, acreditam que estarão na próxima encarnação, promovidos a uma constelação de irrequietos notívagos que se misturam a crendices e o prazer óbvio dos seus pensamentos falsos e recheados de irretocáveis pecados.
Sim, toda sexta-feira, na igreja matriz, os que acreditam na sua passagem assegurada para o outro lado do poente, serão testemunhas, de uma circense e volúvel celebração de ossos e ócios.
Bem feito, para todos aqueles, que acostumados com chás e biscoitos fermentados pelas negras senhoras, que é a mais pura expressão de civilidade e de exóticos pressentimentos, evoluem pelos atalhos do seu lugar, como indigestos olhares de uma ínfima conta de segredos e medos mundanos.
No mais tardar, na próxima quinzena do mês, todos os que não sabem de que tudo não passou de uma enorme farra de costumes e juízos, abdicarão da própria sorte, como um desleixo que acompanha suas sombrias e taciturnas faces.
E o bastião de um espelho, que volta e meia, espelha com o seu fulgor, a mentira que hospeda por entre seus mais preciosos tesouros, terá como única verdade, a certeza de um pressentimento que não passa.
Ora vejam, senhores do além mar, dessa província que não se acostuma com hiatos e iates, e de um susto que de todo, já foi absolvido pelos latidos de um cão; como não acreditar que o erro cometido não se aproximou da sua própria sombra?
É muito difícil entender que a maratona de sonhos e passos em direção ao dia escolhido como o sustentáculo de uma geração de golfinhos e seriemas, seja estrangulado por uma dízima de crença na ausência que se confirmou, de que todos os vultos, que se aproximam dos mares e chalés, serão lançados ao espaço, como dívida, já de muito proclamada.
Foi isso então que se passou. Uma vigília de portas e portos. Uma restinga de travesseiros que se vão, em busca da saudade e da memória, de quem já não sabe mais o que contar.
Por fim, o colar que alguém arremessou ao mar, ficou como única testemunha da infinita piedade dos homens que se perfilam ao redor dos seus medos, e só se lembram de conjugar o caminho seco e dionisiacamente inalterado.
Por fim, sinto que, mesmo distante de todos esses episódios, agradeço, como jamais poderia deixar de fazer, essa oportunidade que me foi dada, de sacramentar através dos meus pensamentos todos o dilúvio de cores e peles; e reafirmo aqui, o compromisso firmado entre todos voces, e ao futuro, que por mais intransponível e maribondo que possa parecer ser, o dilúvio que os nossos corpos foram vítimas, nos obriga a cerrar fileiras e aceitar de bom grado, a proclamação de quem aqui está, é certo de ser escolhido para integrar a nave dos que não saberão quando voltam.
E do que ficou dito, todos cumpriram.

Cgurgel

Um comentário:

Marília Kodic disse...

Belíssimo! Parabéns. Só achei a
linguagem por vezes meio forçada.

Marilia Kodic.