sábado, 5 de janeiro de 2008




VIOLINOS

violinos servem para amar
como um céu e seu imenso olhar
violinos servem para se dormir
como um perfume que esquecemos de sorrir
violinos servem para se declarar
como um cheiro, uma floresta, uma enorme saia
que dança, se esfrega, e que não caia
que se abre em armadilhas e gostam de provocar
violinos são como pássaros e fugas
violinos são como mãos eternas e cheias de rugas
violinos são viagens que nunca afinam
um ensaio e seus instrumentos que ruminam
são como filmes que esquecemos de colher
como uma noite que me faz bem e que é difícil de escrever
violino é como um vale permitido de tambores
como uma dama a procura dos seus licores
um estilo de um sonho com seus traços devastadores
violino é como uma corda nua
uma odisséia que voce fez ao redor do mundo, e que é tão sua
que se pega e se estica e nunca se rompe
que voce lapida, retoca, segreda e nem me conte
violino é uma doce e frágil colisão
violino parece com um perigo carinhoso
violino é como um leão assim tão malicioso
violino é um aspecto tão bom daquele beijo
violino não se cansa de saber do ensejo
como uma planta que não pára de crescer
como um desejo que voce só faz se se ver
violino é uma porta
violino é uma horta
violino é uma natureza morta
como uma digestão que a gente nem arrota
um olhar que fulmina como se fosse uma aposta
será que voce gosta?
assim como seremos sem a música que nos faz voar?
violino é um barco que flutua
uma imensa tela nua
o contrário que dizem da carne crua
que nos lava como a água daquela rua
violino é um bico de mamadeira
violino é a mais fina cordilheira
como se fosse a noite e a sua doideira
violino não nos deixa suspenso
ele nos instiga e fica tudo tão denso
que chega no lugar e eu nem penso
violino é uma noite sem estrelas
como uma vela que não sei como comê-la
é assim que voce diz, tê-la?
e violino é o sujeito de um must holístico
ele é como um passaporte sem o seu visto
uma lembrança boa do suor operístico
que me pega e diz que o mundo é uma guerra
a mais doce evolução do planeta terra
eu quero ir, eu vou subir naquela serra
como uma tenda esquecida com o romance de duas pessoas quando começaram a se engalfinhar
uma vontade que não pára enquanto durar
violino
um raio tão fino
parece comigo, um menino.

Cgurgel

Um comentário:

Gerson Lima disse...

:::Lindo, Lindo, Lindo..adorei Carlos Gurgel, que grande criatividade intelectual você possui. Eu amei! Gostei do layout do blog tambem.Bjx::