quinta-feira, 27 de março de 2008




SANTO BEAT

aqui sentado sou testemunho de um salto
formigas me comem
e a relva
tão espessa
e lúgubre
pasta
como passam as coisas e os seus chacais

nessa lua
e nessa intensa estrada
já de muito
o que alicerça sonhos e desbundes
são como explosões de portões febris e blindados
o cume de uma revoada de
sonhos e arrepios

(nascemos
e somos
e fomos )

como asas
que se multiplicam
ao redor do ar dos nossos olhos
trespassados de colares e sangues

uma corrente
de sândalus e tanques
como sementes que borrifam
almíscar e néctar tão súbitos

um flandre de enormes garras
e gorros de néon

como uma esfinge
uma estrada que some
um provérbio que de tão límpido e arrebatador
chora
na sombra de uma árvore
que nos abriga
de ópios
sócios
e lacáios limbos

na lamparina que das nossas mãos fincou
rasantes vôos ainda insistem
como a nos riscar linhas turvas
cânticos
frios de uma estação
de resistentes casacos e chinelos

como se no barco traseiro do cáos
pousasse uma nova armadilha do tempo

como a ti volver
restos e rostos esquecidos?

só mesmo a chuva fina
que cai sobre a minha janela
para me fazer dormir de novo.

Cgurgel

3 comentários:

Moacy Cirne disse...

Oi, cara: mais um poema que faz pensar na pçrólpria poesia enquanto possibilidade estético-literária. Enquanto isso, o 'Anti-monotonia' já está no Balaio. Abraços.

Moacy Cirne disse...

Pçrólpria? Danou-se...

ON THE É (nada do que não era antes, quando não somos mutantes) disse...

valeu, Moacy, por me permitir estar no Balaio. de tantas e milhares de vezes lido e tão combativo.
abs
Cgurgel