quarta-feira, 5 de março de 2008





quem da vida dança
se loa

uma lépida canseira
uma bruma
uma ladeira

quem da vida
dança
são como pés pedintes
tão calos, ouvintes
calientes

quem da vida
é river
escoa como uma escova de dentes
prá lá e prá cá
cima embaixos
um pouco de escarros
esbarros que vão se entrechocando
como a concluir compassos

quem da vida
dança
é tudo uma pasta
uma imensa cordilheira vasta

são corpos
que se untam
uma seborréia gostosa e única

um voleio
pelos dias
dissabores
e licores

e quem da vida
dança
são como lanças
que se cansam

passam por nós
como uma última quimera

enquanto em pé
sejamos o topo dos nossos declives

loucos, livres e tão irresistíveis

uma enorme fogueira
onde ardem
decálogos
como decalques da alma.


Cgurgel

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