terça-feira, 11 de março de 2008



CARROSSEL DE CINZAS

eu acho chão
um grão de terra
que me cobre como cinzas

eu jogo o barro
como que nele dorme
profano
e
profundo

uma valsa
no meio da sala
do corredor
do todos que se sentem
na casa
onde acontecem coisas

eu sei do curso da areia
que me joga na cara
o cantochão
de raízes
e impurezas

e nessa terra
que um dia há de me comer
o que dessa semente brota
são como
frotas do fel

um céu da boca escancarada
de tanta injúria
enxadas de lamas
fulanas bestas da grama

um enorme quintal
tão ou mais desejado
do que um átrio gueto

blasfêmias
soltas ao ar
como um mar de lama
todo em chamas.

Cgurgel

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