sábado, 1 de março de 2008


RITO DA PAISAGEM DO SOM


eu digiro meu próprio som
assimilo o que fí-lo
e logo após dou o toque

é como
musicalizar texturas
do seu nervo ótico

mesmo que seus passos
no compasso
do que pode ser chamado vida
não acompanhem
o desenrolar dos seus acontecimentos


parar para pensar na nota
já se comete
o maior engano

o grande barato
da musicalidade
quando exercemos
os enfeites
de toques e sinais
é praticamente dar conta
da infinitude do que já existe

toda a humanidade
absolutamente sem exceção
tem, dispõe de
uma enorme
partitura

onde
em borbotões
podemos sonorizar
os nossos tempos

alaúdes e
princípios terciários

o receptáculo
de um
silêncio que é puro tom

mãos que parafraseiam
serenatas e tangos

tudo
é como o início de uma canção
pura e simplemente dela
como todos os instrumentos
que dela advirão

sejamos compactos
ou esnobes

o importante é
não perder o passo

o traço
que faz de nós
incomensuráveis intérpretes

bailando por entre
o cinza do dia
e a lástima de um novo acento

( que do som estejamos
próximos da vida
como quem dela
duvida )

Cgurgel

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