domingo, 10 de agosto de 2008



CHARCO

porcos
são todos tão podres
e quase nenhum presta
estão por ali, no pasto, ou onde tú rondes
parede e meia com a praga e da ferrugem de uma testa

porcos
são como espécies de uma porteira ferida
uma imensa multidão que escorre
mentores dos pavores, uma paixão perdida
se enlameie mais, porque ai voce morre

porcos
é tudo como fã de uma incondicional lama
que esbofeteia estrumes, grotões e insanos
igual aquela voz, que voce não escuta, mas que te chama
agora, quando voce menos espera, e por todos os teus anos

porcos
é como uma completa e rude selvageria
arrodeia teu ar, infecta o olhar, aqui, ali e no púlpito
lançam-se por entre silêncios, mestres e agonias
irmãos desse século gosmento e de um breu, mal súbito

porcos
não valem merda
é tudo que te faz perder o juízo
é tudo que desse mundo se herda
ladroagem, a peste, trapézio, esconderijo

e assim a porcaria se entrete
vegeta entre hospícios, igrejas e favelas
se enrosca em minúsculas partes, em escarros e em giletes
como bosta, no capricho, um horripilante infante da sua chancela.

Cgurgel

2 comentários:

Cláudia Magalhães disse...

Que lindo o teu blog, amigo!
Amo as tuas poesias...
Bateu uma saudade daquele sarau... Lembra, amigo?
Lindo! Lindo! Voltarei, sempre!
Beijos, grande poeta!

ON THE É (nada do que não era antes, quando não somos mutantes) disse...

beleza de bela, Cláudia, tú. teu blog, digo agora, espelha essa sua incontrolável dissertação sedutora. sim, o sarau! foi muito bom mesmo. quanto ao que voce fala do meu, eu sou um eremita, e tudo que vem da palavra me excita
beijosssss
Cgurgel