sábado, 2 de agosto de 2008



AMO DEMAIS AMY

Vivian Whiteman
da Folha de S.Paulo

Os cabelos pretos, cheios de ondas vivas, passam longe do estilo louro-e-domesticado da maioria das cantoras jovens, e o visual é um mix original da moda anos 60 com os acessórios dourados dos rappers e dos "chavs" ingleses.

As músicas revelam os traços de uma mulher geniosa, sincera, cool e divertida, capaz de rir da estupidez alheia e de suas próprias burradas, de confessar seus vícios e de contar como chorou largada no chão da cozinha por causa de um romance fracassado.

Depois de tudo isso, fica difícil não se apaixonar por Amy Winehouse. Se a descrição não for convincente, basta apertar o play em "Back to Black", segundo CD da cantora da mais recente safra de talentos britânicos, para reconhecer suas qualidades nada ordinárias.

O disco, que sairá no Brasil em fevereiro, tem a produção de Mark Ronson --responsável pelo álbum de Lily Allen, outra garota-prodígio inglesa. O primeiro single, "Rehab", em que Amy fala de seus problemas com o excesso de álcool, rendeu ao CD uma estréia no terceiro lugar da parada britânica. O novo single, "You Know I'm No Good", lançado oficialmente hoje, conta com um remix de Ghostface Killah, membro do norte-americano Wu-Tang Clan, um dos mais conhecidos e adorados coletivos de rap do mundo.

Apesar de ter conseguido muito espaço na mídia graças a seu pavio curto e por se envolver em confusões quando exagera nos drinques, Amy é muito mais do que uma marqueteira da pá virada. Sua voz irresistível, que parece pertencer a uma diva do soul com bem mais de 23 anos, impressionou a crítica especializada e, entre seus fãs, está o ícone mod Paul Weller, que a convidou para dividir o palco em uma série de shows.

De Londres, Amy falou à Folha, por telefone e e-mail, sobre música, bebidas e moda.

FOLHA - O single "Rehab" fala sobre como você se recusou a participar de um programa de reabilitação para alcoólatras. Qual é a sua relação com a bebida?

AMY WINEHOUSE - Estava passando por um momento pessoal difícil, e meus agentes quiseram me levar para uma clínica, mas decidi que resolveria tudo sozinha. Eu e a bebida temos uma relação bem intensa, de amor e ódio. Tenho noites incríveis e divertidas e momentos péssimos, que me causam sérios problemas.

FOLHA - Você é conhecida por falar sempre o que pensa, e isso nem sempre é bem visto no mundinho das celebridades...
WINEHOUSE - Não dou a mínima para essa gente que se preocupa demais com as aparências. Ignoro completamente.

FOLHA - Seu visual é bem marcante e original. Você escolhe suas roupas?
WINEHOUSE - Gosto de me vestir como uma adolescente dos anos 60 ou como uma dona-de-casa daquela época. Eu mesma escolho as peças, faço a minha maquiagem e arrumo o meu cabelo.

FOLHA - Quase todas as suas letras falam de seus relacionamentos e problemas pessoais. Você não tem medo de se expor demais?
WINEHOUSE - Não mesmo. Quem sai na chuva, se molha.

FOLHA - Já pensou em criar outras coisas com suas histórias de amor, como poemas ou um romance?
WINEHOUSE - Desde criança eu sempre escrevi músicas, poemas, histórias. Gosto de criar pequenos contos a partir do que acontece com as personagens das minhas canções. Mas, acima de tudo, adoro escrever letras para as minhas músicas.

FOLHA - Seu disco tem uma forte pegada retrô. Quais foram suas referências para gravar esse álbum?
WINEHOUSE - Eu estava obcecada pelas coisas da Motown, especialmente pelos grupos vocais femininos dos anos 60. Enfim, músicas desesperadas, de partir o coração.

FOLHA - Você tem sido comparada com divas do porte de Aretha Franklin e Etta James. O que acha disso?
WINEHOUSE - Fico lisonjeada, embora nunca tenha sido especialmente influenciada por elas. Admiro a originalidade dessas cantoras. Elas são artistas únicas.

FOLHA - Por curiosidade, qual é o seu drinque preferido?
WINEHOUSE - Dia diferente, drinque diferente.

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