sábado, 2 de agosto de 2008



MANICÔMIO

eu falo
de como percebo
a dessarrumação da enorme quantidade de pessoas esquecidas
sem amor
que perambulam pela noite
a procura de um carinho
um abrigo

como vertigem
de um espectro
longo e sanguinário

eu falo
do que eu preciso ouvir
uma imensa horda
de cantigas e cactus
imprensadas pelo cantinho
das suas cantilenas rôtas

eu falo
porque
eu não quero me esquecer de ti

tão fúnebre desgraça
uma poça de uma luz que assa
um troço de uma asa banguela
umbral de católicos escarros e putas

eu falo
por que eu sei que eu vou morrer
rosto colado ao teu
como flanelógrafo de ruinas amanhecidas de tanto se afogar.


Cgurgel

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