segunda-feira, 18 de agosto de 2008


TRÊS IRMÃOS DE SANGUE
por Márcia Arbache
O documentário "Três Irmãos de Sangue", sobre a vida dos irmãos Betinho, Henfil e Chico Mário, e com direção e roteiro de Ângela Patrícia Reiniger (contando com Cristiano Gualda como co-roteirista), foi lançado no dia 17 de agosto nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
“Quisemos prestar uma grande homenagem ao Betinho, dez anos após a sua morte, e também ao Chico e ao Henfil. O filme fala desses três brasileiros que fizeram da solidariedade a sua grande arma na luta pela vida e que ajudaram a tornar o Brasil um país mais justo e solidário”, afirmou Ângela Patrícia Reiniger.
Exibido em maio no Festival de Cinema Brasileiro de Paris 2007, o filme ganhou o prêmio de melhor filme no V Cinefest Petrobrás – Festival de Cinema Brasileiro de Nova Iorque 2007, após votação popular. O filme também ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Goiânia de 2006 e no Recine 2007, além da menção honrosa no Femina Fest deste ano, tendo sido o único representante brasileiro na competição internacional de longas. Além disso, o documentário já foi apresentado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no ano passado.
O documentário é realizado pela No Ar Comunicação, com o patrocínio da Petrobras e distribuição do Estação. O Estação, que se especializou, na distribuição, em lançar clássicos do cinema mundial, filmes independentes e cinematografias pouco difundidas, iniciou, em 2006, um projeto de promoção e distribuição de filmes brasileiros, priorizando produções inovadoras e alternativas, como "O Cheiro do Ralo", que superou a marca dos 150.000 espectadores, "Fabricando Tom Zé" e "Pedrinha de Aruanda - Maria Bethânia".
O filme mostra a vida de cada um dos três irmãos e como suas ações se misturam com a história política, social e cultural do Brasil na segunda metade do século XX. Eles contribuíram, cada um a sua maneira, para as principais transformações pelas quais passou o povo brasileiro nesse período. Betinho, cientista social, exilado político, fundador da Campanha Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida, e indicado em 1994 ao Prêmio Nobel da Paz; Henfil, cartunista que lutou pela volta dos exilados durante a ditadura militar e criou a expressão “Diretas Já” como forma de exigir a volta da democracia ao Brasil; e Chico Mário, músico pioneiro na questão da música independente e compositor de canções contra a tortura. Os irmãos definitivamente sabiam da importância da defesa dos direitos humanos e se esforçaram ao máximo para alcançar esse objetivo.
Hemofílicos, foram contaminados pelo vírus HIV através de transfusão de sangue. Isso os tornou um símbolo da luta contra a AIDS no Brasil. O fato do país hoje ser visto como referência mundial no combate à AIDS tem muito a ver com o pioneirismo deles em relação a essa causa. Para eles, a luta pela vida sempre esteve em primeiro lugar.
Como diz Frei Betto no início do documentário: “Eram três irmãos embriagados de utopia, no sentido forte dessa palavra, não apenas como um sonho, mas como um projeto que os engajou numa militância permanente”.
Já Zuenir Ventura, de O Globo, diz que: “A diretora conseguiu mostrar, sem pieguice, bem ao estilo dos três irmãos, como a luta contra a morte pode ser uma exemplar lição de vida”.
Luiz Zanin, do Estado de São Paulo, fala que se trata de “Um belo e emocionante filme, que traça a saga de uma família e também de um período, tanto difícil como épico da história recente”.
E o colunista Sebastião Nery afirmou que “O impacto e mergulho humano do filme vêm da história contada para ser pensada e absorvida. É todo um levantamento histórico, minucioso, sério, biográfico, mas principalmente político, social, de Minas e do Brasil, a partir dos anos 50 até a ditadura de 64 e as batalhas da resistência, do exílio, da abertura, da anistia, das Diretas-Já. Ângela Reiniger não fez um filme de pessoas. Fez um filme do tempo”.

Ângela Patrícia Reiniger - diretora/roteirista do filme
“Três Irmãos de Sangue”
Nascida no Rio de Janeiro em 1971, Ângela Patrícia Reininger formou-se em Jornalismo pela PUC-Rio. Iniciou sua carreira profissional na MTV e depois trabalhou na Videofilmes, como produtora e pesquisadora dos projetos Caetano 50 anos (1992), série para a extinta TV Manchete, e João e Antônio (1992), especial de fim de ano da Rede Globo de Televisão, sobre João Gilberto e Antônio Carlos Jobim.
Esteve por seis anos à frente do programa Mãe & Cia., que estreou em 1998, no GNT, e depois foi apresentado pela TV Cultura. Ângela dirigiu também os curtas-metragens Os Oficineiros da Inclusão e O Aprendiz e o Mestre. Desde 2004, dirige a série Programa Especial, apresentanda pela TVE/Rede Brasil.
“Três Irmãos de Sangue” é seu primeiro longa-metragem.

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