sábado, 2 de agosto de 2008



TURVO DISCURSO TÃO TRÍPTICO DE CÓIS

sou isso:
névoas
um pouco de mim
lágrimas
silêncios
uma trouxa de desculpas e respostas esfarrapadas

porque sou ouro e sou lama
somos velas e fogos
archotes e chicotes
unhas e dentes
silêncios e vontades
como uma janela de trem
e um confessionário que guardamos pelo resto de nossas vidas

somos barro
saliva
e uma mão que acaricia pescoço e nossos ombros
quem me dera poder recontar episódios e brincadeiras juvenis!



mesmo que o inverno me roube maçãs e o quintal por onde observava gatos e cães?
ou do pano que extinguia a última gota de uma chuva adolescente e preguiçosa?
saudade de frutas da estação!
das meninas tão alvas e castas
da rua lá de casa
que papai segurava pelos braços a esperança do seu sorriso


já não sei contar mais cabelos e unhas!
só o chão onde guardo meus passos
e rumo em direção ao bosque dos vendavais noturnos e luxuriantes
sinto falta de quem compreenda minha total dificuldade de compreender tudo
assim levo aos olhos as nuvens por onde meus pés passeiam


e segredo a alma:
só a ti me costumo abrir
nem que seja só por um momento ao seu lado.

Cgurgel

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