terça-feira, 5 de agosto de 2008


MARTÍRIO

o que o ontem sabe sobre os meus fantasmas da aurora ?
reviro meus ossos e encontro lendas
no meio do rio, choro por entre suas cordilheiras
viro o que vento me leva e vago nas asas frágeis do sol

do que me reviro tanto quando encontro o teu olhar?
ao menos pisasse em sombras e nos restos do fogo que povoa meu sorrir
e voce velejaria como uma festa por dentro dos meus mistérios
ao relento dos seus mesmos dedos e degradações

o tempo como um audaz escrito interrompe o frio da noite
no mais vagar de um pedinte sonolento e sanguinário
preces de horas, sentinela do vento que da tua face, implora
e das brumas que tudo que me dissestes, desapareceu por entre rosas do devir

terra que não sabe molhar a triste e fina flor dos seus jardins
um punhado de fome de chão não é de todo uma vela que se apaga
tolhe uma chuva que dói no meu peito parecido com o que creio aqui
costume que transpõe a janela avermelhada de tanto vazio noturno

e me trago como uma véspera daquelas usinas,vísporas e encalhes
mísero que trespassa com a sua voz o fogo que queima silêncios
um grito no meio da rua deserta de máscaras e escarros fatais
como só o corvo com todos os seus mandamentos proibísse o meu amor por ti.

Cgurgel

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