sábado, 29 de dezembro de 2007



SAI RESULTADO DA PREMIAÇÃO DA BOLSA FUNARTE

Poesia e ficção dividem as dez Bolsas Funarte de Estímulo à Criação Literária. Cada autor recebe R$ 30 mil para desenvolver seu projeto
Dez escritores, dois de cada região do País, foram contemplados com a Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária, cujo resultado foi divulgado no dia 13 de dezembro de 2007, no Diário Oficial da União. Entre 26 de outubro e 10 de dezembro de 2007, foram enviados 495 projetos. Os vencedores foram selecionados por uma comissão formada por Sylvia Cyntrão, Gabriel Arcanjo Santos de Albuquerque, Cristina Bielinski Ramalho, Frederico Tavares Bastos Barbosa e Fabrício Carpinejar.

Os contemplados, por região são:

Norte: A Igreja, de Marco Antônio Adolfs (Manaus/AM)
Condomínio Poético, de Joesér Álvares da Silva (Porto Velho/RO)

Nordeste: Agudo como Mordida, de Julya Santana de Vasconcelos (Recife/PE)
O Relato de Prócula, de Waqldemar José Solha (João Pessoa/PB)

Centro-Oeste: Segredo de Estado, de Jason Tércio (Brasília/DF)
68 Motivos de 68, de Luiz Arthur Toríbio (Brasília/DF)

Sudeste: Fera Bifronte, de Cláudio Alexandre de Barros Teixeira
(São Paulo/SP)
O Cronista Imaginário, de Luís Antônio Giron (São Paulo/SP)

Sul: O Equilíbrio do Dia, de André Henrique Dick (Novo Hamburgo/RS)
Sinuca embaixo d'Água, de Carolina Bensimom Cabral
(Porto Alegre/RS)

Cada autor escolhido receberá R$ 30 mil para desenvolver o projeto apresentado até julho de 2008, metade na assinatura do contrato e o restante à medida que o cronograma do projeto for cumprido. A publicação das obras ficará a critério de cada autor.

O objetivo da bolsa é incentivar a criação de textos literários em todo o País. Segundo o presidente da Fundação Nacional de Artes, Celso Frateschi, até aqui estimulou-se a leitura e a preservação do livro. "Faltava estimular a criação em todos os gêneros e este é o primeiro passo neste sentido. Não vamos premiar livros já escritos, mas os melhores projetos de criação, cuja execução será acompanhada pela instituição", explica ele. "Em 2008, pretendemos criar uma coordenação específica para esta área, semelhantes às que já existem para Artes Visuais, Artes Cênicas e Música."

Além da Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária, a instituição criou também a Bolsa Funarte de Estímulo à Dramaturgia, nos mesmos moldes. Ao todo, serão destinados R$ 570 mil aos dois programas.


Premiados
Norte
A Igreja, de Marco Antônio Adolfs (Manaus/AM): romance histórico narrando a construção da catedral metropolitana de Manaus, no século XIX, quando a cidade se chamava Vila da Barra. A dificuldade em se obter dinheiro e escravos para a obra e os embates com a Maçonaria fazem o pano de fundo do enredo.
Marco Antônio Adolfs é jornalista com ampla experiência em rádio e televisão no Brasil e em Portugal. Tem contos publicados em jornais de Manaus, onde vive, além de uma coluna de crônicas. A Igreja é seu segundo romance histórico e ele prepara atualmente um livro de contos Ovelhas Negras no Escuro, já disponível na internet.

Condomínio Poético, de Joesér Álvares da Silva (Porto Velho/RO): é o registro de um projeto do mesmo nome que o Coletivo Madeirista, de Rondônia, realiza desde 2006. São exposições e happenings misturando poesia visual e eletrônica, intervenções urbanas e arte na internet. Seu livro terá um formato incomum, pois pretende levar essas experiências para o papel.
Joesér Álvares da Silva é técnico judiciário, artista plástico e professor de Publicidade, Jornalismo e Propaganda. Como artista plástico, que usa suportes variados, geralmente ligados à tecnologia e, nesta área, coleciona prêmios como o Unesco Digital Arts, ganho este ano. É um defensor do Creative Commons, nova forma de gestão dos direitos autorais.

Nordeste
Agudo como Mordida, de Julya Santana de Vasconcelos (Recife/PE): é uma antologia de textos curtos, mini-crônicas e poemas reunidos por Julya, sem a preocupação de encaixá-los em gêneros, estilos ou escolas literárias. Parte do material vem sendo escrito ao longo dos anos e ela pretende dar-lhes uma organização conceitual.
Julya Santana de Vasconcelos é a mais jovem premiada da Bolsa Funarte de Estímulo À Criação Literária. Aos 23 anos, forma-se em jornalismo em 2008 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas já tem prêmios acumulados em concursos regionais. É também roteirista de vídeos educativos.

O Relato de Prócula, de Waldemar José Solha (João Pessoa/PB): explora o romance urbano no Nordeste contemporâneo. Leva para as cidades de João Pessoa e de Pombal, no alto sertão paraibano, o clima de Eça de Queiroz em As Cidades e as Serras e de Leon Tolstoi em Ana Karenina. O tema é o julgamento de Cristo, contado por Cláudia Prócula, a mulher de Pilatos.
Waldemar José Solha é funcionário do Banco do Brasil e autor de romances e textos teatrais, em que atua também como ator. Nos anos 80, produziu e dirigiu o primeiro longa-metragem paraibano de ficção. É também publicitário e pretende transpor todas estas experiências para seu romance de estréia.

Centro-oeste
Segredo de Estado, de Jason Tércio (Brasília/DF) conta de forma romanceada o seqüestro e desaparecimento do deputado Rubens Paiva, em 1971, um dos momentos cruciais da ditadura militar dos anos 60/70 no Brasil. Ele ressalta que seu livro irá além da mera reportagem dos fatos, na intenção de expor o conflito entre a sociedade e o Estado naquele momento.
Jason Tércio é jornalista nascido no Rio e vive em Brasília há mais de uma década. Trabalhou como repórter e tradutor em grandes jornais do País e em comunicação corporativa. É autor de quatro livros, inclusive uma biografia do cronista carioca José Carlos Oliveira, de quem já organizou cinco antologias.


68 Motivos de 68, de Luiz Arthur Toríbio (Brasília/DF): Os movimentos revolucionários ocorridos há quatro décadas narrado em 80 poemas. O título do livro é um deles e todos descrevem as ações e sensações do jovem que viveu aqueles momentos, com um distanciamento de 40 anos.
Luis Turiba (nome artístico): é jornalista, letrista de música e poeta, com vários livros publicados. Sua coletânea será quase autobiográfica, pois ele tinha exatamente 18 anos em 1968. De lá para cá, trabalhou em grandes redações (O Globo, TV Senado etc), com passagem pelo Ministério da Cultura, onde foi assessor de imprensa e do qual se afastou há quatro anos.

Sudeste
Fera Bifronte, de Cláudio Alexandre de Barros Teixeira (São Paulo/SP): é um livro de poemas com cinco seções que enfocam o tempo, a memória, as sensações, o estar no mundo e a morte. Inspirado na experiência do autor e nas notícias de jornais, reconta o cotidiano sem "a linearidade de uma concepção naturalista do mundo", como explica o autor.
Cláudio Daniel (nome artístico do autor) é jornalista e tradutor de prosa e poesia, tendo poemas publicados em três antologias. Organiza também eventos literários como o Bloomsday, dedicado a James Joyce, ou voltados para a poesia, como O que é haicai?, em 2005.

O Cronista Imaginário, de Luís Antônio Giron (São Paulo/SP): romance histórico passado numa cidade do interior do Brasil onde o protagonista, Leopoldo, que escreve num jornal de tiragem esporádica, inventa espetáculos para comentar, na falta de verdadeiros sobre os quais deveria escrever.
Luís Antônio Giron é jornalista, editor da revista Época, com larga experiência em veículos impressos, televisão e rádio há quase 30 anos. É também doutorando em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). A par do jornalismo, tem intensa atividade acadêmica.
Sul

O Equilíbrio do Dia, de André Henrique Dick (Novo Hamburgo/RS): é um livro de poesias falando do contato com a natureza, do conflito da vida urbana e da rural, de memórias e cenas familiares e reproduzindo verbalmente cenas da infância do autor. Ele prevê escrever 60 poemas, sempre em versos livres, mas com extensões variadas.
André Henrique Dick é doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autor de outros três livros de poesias e presente em outras antologias, é também ensaísta premiado, inclusive com o Açorianos de 2003, pelo livro de poemas Grafias.

Sinuca embaixo d'Água, de Carolina Bensimom Cabral (Porto Alegre/RS): Drama psicológico. Após a morte de Antônia, num acidente de trânsito, seu irmão, Camilo, e mais dois amigos, Bernardo e Polaco, tentam reconstituir seus últimos momentos para aliviar a culpa que sentem e também para entender a morte da jovem.
Carolina Bensimon Cabral é publicitária, professora de francês e mestranda em Teoria de Literatura, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul- PUC/RS. A par da atividade acadêmica, escreve contos premiados e incluídos nas antologias gaúchas do gênero. Em 2004, ganhou o Prêmio Habitasul de Revelação Literária, na Feira de Livros de Porto Alegre.

Currículo dos Jurados
Christina Bielinski Ramalho: Mestre em Letras e Semiologia, é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, autora e organizadora de mais de uma dezena de livros de crítica literária. Foi também diretora da editora Elo, do Rio de Janeiro.

Gabriel Arcanjo Santos de Albuquerque: doutor em Letras pela Universidade de São Paulo e professor adjunto do Departamento de Língua e Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). É autor de oito livros de ensaio e crítica literária e um de poemas, Diálogo dos Afetos, ainda inédito.

Fabrício Carpinejar: poeta e mestre em literatura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), com 11 livros de poemas publicados. Venceu prêmios como o Érico Veríssimo e tem livros publicados também no exterior.

Frederico Barbosa: Professor de Literatura e crítico literário, é também autor de livros de poemas e dirige a Coleção Alguidar da Landy Editora. É curador da biblioteca Alceu de Amoroso Lima, a primeira especializada em poesia, inaugurada pela prefeitura de São Paulo em 2006.

Sylvia Cyntrão: doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB), onde é também professora adjunta. Tem livros de poesia e trabalhos acadêmicos sobre o tema. É também coordenadora do curso de Especialização em Literatura Brasileira

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