quinta-feira, 27 de dezembro de 2007



INEXORAVELMENTE PRECIOSO

O lento e inevitável tempo que nos cega
São como beijos que esquecemos de provar
Como uma inigualável nuvem que se aproxima e nos esfrega
Que massageia, bate, fere, rouba, enlouquece e nos faz zuar

É como se fosse um som, estampido que não pára
Aumenta a fúria, a vontade de matar e de se acabar
Uma avalanche de ódio, rancor, hóstia, merda de um pária
De uma chuva de bala, ingratidão, sangra, traição tão cara

E o silêncio é como se fosse a véspera do seu barro
Que entope veia, via, velho, jovem, suicida, boêmio e prostituta
Mela de gala, o seu quarto, sua rua, seu trabalho e todo o seu bairro
Parecido com um monstro, um vulto, o demônio que rouba e voce nem assusta

E agora voce já não sabe mais o que pode fazer
Enfrentando a força, a labareda, o inferno, o espetáculo que arruina
Vide lenha, lixo, tão pobre, podre, um vácuo do fim, como compadrio do prazer
Tão parecido com seu bornal, pura prece, um topete, sítio da sua tequilla assassina

Mas ai chega o demônio e se torna amigo da chuva
Fixa âncora que sorri como aquela face poderosa que me fita
Promete mundos, fundos, fuzarcas, paraísos, beldades e vulvas
E voce, como refém, se torna um escudo, uma lesma tão bendita

Assim tudo é beleza, como proeza, de quem se deixou levar
Pela lábia sábia de um ser que se quer profano e sangrando
De vestes, rituais, quermesses, funções, iansãs, promessas do pomar
De tudo que aproxima e apaixona, e de tudo que se definha e termina acabando.


Cgurgel

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