quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


AUSÊNCIA



Me apaixono por voce, só em lembrar da cor dos teus olhos
Com a tua ausência coleciono roupas, cheiros e cartas
E no jardim que de tuas recordações eu me molho
Estou como se fosse em um lugar, onde tudo me mata

É tão enorme o sentir dos teus beijos que me resguardo
Pelas paredes, armários, louças e pastas
A sensação do não começo, é como se fosse a lágrima de um arco
Que dilacera o meu leito, espírito, sombra e o que me basta

E assim vagueio no meio da noite, como se fosse a réstia de uma saudade
À procura de um farol, seta,luz, ou de tudo que me ache
Estou só, como nunca estive, eu sou metade
Sou como se fosse uma serpente, que de tua língua, me enrole, na tua face

Sou agora, aquela sombra, que minha vida me esqueceu
Chuva de lágrimas, perdões, desculpas e recolhimentos
Uma mão que afaga, como se fosse tudo que se perdeu
Ao redor daquela noite, e de todos os seus instrumentos

E por fim, suplico por tudo que me afasta
De ti, de tua vida, de teus lábios, pele e perfumes
Como se fosse uma pérola, licor, estrada tão vasta
Uma montanha, precipício, milhares de ilhas e de todos os teus ciúmes.


Carlos Gurgel

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