domingo, 30 de dezembro de 2007

SOBRE O PRÊMIO FUNARTE DE LITERATURA

Há sombra de fraude, corrupção... Há quanto tempo dizemos que isso vai ter fim? Dizemos, ainda, que não vamos desistir, vamos lutar e denunciar, que não perderemos a esperança.

A saber, é isso mesmo que devemos fazer: resisitir, denunciando com indignação! Mas muita, mesmo! Continuar praticando Literatura, fazendo o que é digno e amamos, para sobreviver ao caos. O que, porém, deve ser pronunciado, divulgado é o grito. Mas sublinhando a importância de educar, dando exemplo àqueles que não se dão ao respeito.

Infelizmente, o processo de alienação segue vertiginoso. Não há mais freios ao sistema néo-liberal (do laisser-faire) engolidor, até mesmo, dos que se dizem prudentes. O que vemos é cruel, mas também a constatação de que não despertamos, ainda, o suficiente para deixar de sofrer. Nós e o resto do mundo. Porém, mais ainda, os colonizados que tudo copiam, erradicando sua própria cultura. Até a maneira de fazer escolhas!

Nas páginas literárias de jornais e revistas, vem a matéria paga. A crítica ao livro. Que dizer a isso ? Onde a veracidade, e a necessária competência sobre a obra daquele que se esforça e deseja o reconhecimento de seu trabalho? Valem o lixo e a superficialidade? A mediocridade que atrofia não valoriza ninguém, na verdade empobrecemos todos, culturalmente. É o engodo. Mesmo assim, quantos embarcam no velho processo? Mesmo sabendo do esquema falso ou, talvez equivocadamente, pensando que, no final, tudo se ajeita (olha aí o "néo"-liberalismo, "mais velho" que nosso tataravô, o famoso "deixa estar pra ver como é que fica", de Adam Smith).

E estamos vendo! Até quando ? ? ?

Pensamos que há muitos pontos a debater: a divulgação de livros; a falta de distribuidores; as editoras cansadas de nada chegar a público; os livreiros sem saber o que fazer, a quem ouvir: se aos "críticos modernosos", por já não existirem resenhas bem feitas, bem embasadas ou, junto aos leitores assíduos, dispor os lançamentos às prateleiras (? ? ?)

Eis um futuro debate para todos os escritores e os envolvidos na revitalização de nossa cultura. Antes que seja tarde e INVENTEM LEIS pra justificar os esqueminhas. Aí é que vai ficar difícil. Demora-se meio século para consertar o que está ruim. Se não piorar!

Até quando ficaremos sem reação?

Abraço solidário de quem quer continuar. E ter esperança. Mas, sobretudo, precisamos estar atentos à necessidade de um desagravo imediato ao que parece ser mais uma farsa, subestimando nossa capacidade de análise e observação.

Léa Madureira, professora, autora de Os vinte e sete degraus (contos), Por não haver navegado (poemas) e, a ser editado, As cercanias do outono (prosa poética e poesia).

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