quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008




CÂNHAMO


ainda ontem
chorei por ti

naquela árvore centenária
onde os arrumadinhos dos desertos
farturam sísmicos

ainda ontem
lembrei de ti
como uma crosta de fim de semana
um lépido e iconoclasta vexame
crocodilo de lavandas e fétidas faces

ainda ontem
procurei por ti
como um ímã irmã
por entre dentes
bilhetes, aromas
e tudo que estocas

ainda ontem
sonhei por ti
como lacre de um vôo
que ladrilha arquipélagos
espingardas e espelhos vazios

ainda ontem
esperei por ti
como um moço perdido no poço profundo do passado
na porta da infâmia
por onde voce sempre perambulou

ainda ontem
perdi voce
como um cíclope carneiro
por entre chuvas, pontos e fugas
no meio do salto de onde voce nunca se deu

ainda ontem
voce sumiu
como uma usina de lanças e tulipas
embocadura de uma resina que me basta
trapézio de uma fábrica de matilhas
como fome de uma ânsia que me parte.

Cgurgel

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