sexta-feira, 26 de setembro de 2008


CURVA DO VENTO

quando eu sorrio pelos meus lábios e lentes
é porque eles expulsam o horror que da terra treme
como um buxixo, um soluço, um espasmo
que a lua tão insana e bandida enrosca

e por entre o cume de um salto no escuro
como habitante onde o sol arde e mata
o arvoredo que urra e varre seus anéis
enternece uma louca e cataclisma sacra semente

e o farejo que dos pés de quem procura, arde
é como o canto e fenda do céu de quem partiu entre dentes
gruta, suma, como uma gangorra que surta e parte
mesmo como o vulto que da sombra da noite, estepe

e o sussurro das pedras que adormecem e sonham
não perdoa o silêncio de uma ave que voa
e sobre as estrelas que as árvores dos bosques disputam
crescem raízes que a própria briza de uma horda expulsa

e assim é como se despedir de arbustos, janelas e luas
e que faz a curva do vento se lembrar de abraços e desculpas
uma longa, delinquente e tão fútil atmosfera
semelhante a uma bomba que estoura os tesouros de quem nunca caiu.

Cgurgel

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