segunda-feira, 19 de maio de 2008




BROTHERS OF BRAZIL

Supla e João Suplicy conversam com o Guia da Semana sobre o Brothers Of Brazil, projeto que une a bossa nova ao punk rock

No pequeno palco do Dublin, elegante pub irlandês localizado na Zona Sul de São Paulo, Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy, mais conhecido como Supla, o Papito da primeira e antológica edição da Casa dos Artistas, da banda Tokyo e do hit Japa Girl, pede mais retorno para seu microfone. É na passagem de som que o dono das madeixas mais espetados da música brasileira mostra-se atento aos mínimos detalhes técnicos, da afinação de sua bateria à trilha sonora que abre a apresentação.
Checados todos os pormenores, Supla e seu irmão, o cantor, violonista e compositor João Suplicy, passeiam com desenvoltura pelo repertório do Brothers Of Brazil, projeto que concilia a bossa nova de João, o punk rock de Supla e mais um bom número de ritmos em uma sonoridade vigorosa, já experimentada em endereços tão diferentes quanto Paris, Londres e Capão Redondo, periferia de São Paulo.
Com apresentações agendadas em diversos cantos do Brasil e da Europa, a dupla bateu um papo com o Guia da Semana sobre a repercussão positiva do projeto.
Guia da Semana: O nome do projeto Brothers Of Brazil foi dado pelo Bernard Rhodes, ex-empresário do The Clash, e vocês contaram que o Glen Matlock esteve em alguns shows. Ou seja, em matéria de punk a parceria está bem encaminhada?
Supla: Isso mesmo. Conheço o Bernard há muito tempo, e o Glen ficou curioso para ver como funcionava ao vivo. Ele gostou e até voltou no dia seguinte, o que para mim foi uma honra. Mas vamos olhar para o futuro agora.
Como o projeto está sendo recebido no Brasil e na Europa? Quais são as diferenças que vocês têm notado entre os dois públicos?
João: Eu sinto que a galera está recebendo de uma forma quente, tanto no Brasil quanto na Europa. O nosso termômetro são as reações durante e pós o show. Aqui no Brasil, muita gente chega falando que não sabia o que esperar e se surpreende com o resultado da mistura. Na Europa e nos Estados Unidos, como as pessoas nunca ouviram falar de nós, comentam muito a originalidade do projeto.
Como funcionou o projeto de gravação? As sugestões partiam de ambos os lados sem maiores divergências?
João: Existem várias divergências, mas nós encaramos isso de uma forma positiva. É desse atrito que sai o fogo.
Quando mais jovens, vocês ouviam um os discos do outro, ou era mais cada um na sua?
Supla: Como o João era muito pequeno, ele escutava o que já tinha em casa, depois seguiu o seu próprio gosto musical.
Já faz algumas décadas que a bossa nova dialoga com os mais diversos ritmos, assim como o punk, que sempre casou bem com outros estilos. Vocês chegaram a crer que a união desses dois gêneros seria difícil de acontecer?
Supla: Acreditamos que todo tipo de música que a gente faz é música de coração, coração de leão, coração de dois irmãos. Não nos prendemos em punk, bossa nova ou qualquer gênero musical. O importante é ter uma boa melodia e uma letra que passe algum tipo de emoção.
No show, você se encarrega da bateria, um talento que o público em geral não conhece. A apresentação reserva mais alguma surpresa?
Supla: Tocar bateria e cantar ao mesmo tempo já é bastante, mas também toco violão e percussão. Dependendo do lugar, o João larga o violão e vai para o piano. Outras surpresas deixamos para quem for ao show.
Ao menos em São Paulo, vocês têm tocado muito em pubs, o que acham desse ambiente? E na Europa, onde estão rolando os shows? Também em pubs, bares e pequenos clubes?
Supla: Tocamos em todos os lugares, inclusive num botequim no Capão Redondo. Esse vídeo, aliás, pode ser conferido no nosso MySpace. Achamos que seria legal tocar por lá, pois ninguém pinta lá para mostrar o trabalho. Do Capão, embarcamos no dia seguinte para Paris. Em junho, vamos tocar em dois grandes festivais na Europa, ainda não podemos contar quais, mas logo será divulgado. Quantos aos pubs, eu pessoalmente gosto.


PARIS, LONDRES, NOVA YORK, RIO E CAPÃO REDONDO ESTÃO NO ROTEIRO DA DUPLA

Você acredita na expressão bossa nova para exportação , muitas vezes lançada pela mídia de forma desdenhosa?
João: Acredito que existe a tal bossa nova para exportação, mas não a identifico com o Brothers Of Brazil.
A maneira de cantar do Supla, da mesma forma ligeira como encara as canções de rock, deu uma cara diferente às faixas, o que vocês acharam do resultado final?
João: O próprio temperamento dos dois funciona como química para o resultado final, e temos trabalhado bastante. Gostamos do que temos até agora e não paramos de compor.
(Para Supla) O que você mais admira na bossa?
Supla: As melodias, tempos e o jeito de cantar de alguns interpretes como o João Gilberto.
(Para João) E o que você mais gosta no punk?
João: Da atitude.

2 comentários:

Moacy Cirne disse...

Meu caro, hoje, no Balaio, recomendei a leitura do 'Ananás'. Um abraço.

ON THE É (nada do que não era antes, quando não somos mutantes) disse...

obrigado Moacy, eu também, no artigo que o Mário Ivo, publicou na coluna que ele assina no jornal da cidade, e que eu reproduzo aqui no blog; faço referência ao "Cine Clube Tirol", que voce pioneiramente alimentou exibições e discussões afins.
abraço
Cgurgel