domingo, 25 de maio de 2008



O AMOR


o amor pode vir pelas calçadas
pode pulsar escondido num papel crepom
o amor pode estar encolhido
por entre os seios de uma mulher
que baila no meio de um palco
tão cheio do seu chão
o amor é um canavial
uma fração que nossos olhos ferem
e que depois se aquecem e se esquecem
o amor?
talvez em cima do campanário onde escolhestes teus lustres e lestes?
um pouco de um fruto espúrio?
um cio de uma prosa que murchou?
ou dos cavalos de tróia que trotam descarriladamente
por cima dos nossos fósseis?
assim o amor não presta
é como uma serpentina
que só colhe nossos passos e some
assim
o amor não faz pendão
uma tissagem?
uma pluma?
uma estalagem?
ah, o amor
que me rouba silêncios
e eu me arrasto pela fronte que me destes
o amor
pode ser o umbral da estação
ou o fruto que carregas na escuridão.

Cgurgel

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