segunda-feira, 12 de maio de 2008




AFETO


do que em mim rebuscas?
um pouco da solidão soturna
ou desses meus medos mundanos?

do que em mim te ofusca?
o que do inverno te rusgas?
como febre que arrasta os pêlos?

como uma calçada da lua
onde se encontra com os lagartos
que te cerzes?

ou da espátula que feres
como invadindo quintais e chinelas
como uma vela que tece com o teu suor
o sangue de quem te deixou louquaz?

ou da súplica íngreme
que desmaia por entre dentes e cadeados
a opulência de um varal sórdido?

e fico enfim tão cool
como quem liga ao que restou
do que ficou despetalado

desse teu coração cítrico
atalho de um espinho tão triste
por ti plantou em mim
assim cipreste.

Cgurgel

2 comentários:

Gustavo Santiago disse...

palmas, palmas...

clap, clap, clap...(ao poeta)

suas linhas são unicas.
me apaixono por sua escrita de pouco a pouco

grande abraço do menino boêmio

Moacy Cirne disse...

Um poema se faz afeto, mas também se faz linguagem: poema-cipreste. Que se faz poesia.