quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
pudera também assim ficar
como se fosse embaixo da cama
entreolhando os pés e os chinelos que por lá passeiam
uma urbe submersa onde se instalam pés, meias, chinelos e sapatos
parece que por baixo dos lençois, estrados e colchões
o mundo não passa de uma grande e inesquecível palmilha
por onde desfila uma passarela de intimistas cores e odores
assim,
os habitantes que por aqui pululam
trocam hipnoticamente as mãos pelos pés
e pela noite,
como um incomparável celeiro
um frisson que se estabelece
por cima,
por entre a cama
democrática e elástica
pelos pés,
por onde passam,
passárgadas e alpercatas,
que rodopiam por entre as geografias de um paraíso fusível e vasto
por aqui,
tudo que o escuro dos pés alcançam
um entra e sai
de labirintescos gestos de pernas e unhas
como uma avalanche das partes baixas do corpo
simpatizante
dos gostos rasteiros e percussivos
um movimento como se fosse um intruso
que espalha
o seu amor pela rama do chão
anjo-protetor do compasso de um espaço
de esperas e encontros
como quem beija e calça pés
um nicho contínuo
um verdadeiro mensageiro de marcas
sim,
os pés,
são como enormes tótens
uma chuvarada de desígnios
assim como o corpo,
uma almofada que se dilui em momentos.
Cgurgel
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3 comentários:
vc tem razão, ver o mundo de baixo para cima é mais interessante
=)
abraços!
Epa!
...pisando em novos... Abraços Gurgel! Carito
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