terça-feira, 1 de janeiro de 2008
BOTEQUIM
Na parede dos cacos das cervejas tão frias
um noite recolhe uma luz refletida
como as vestes das bocas das mesas vazias
e da língua tão légua das palavras perdidas
São cadeiras que ousam se chocar e se amar
como os gestos dos bêbados de uma massa no bar
como os rostos que esmolam no espelho do ar
e da lua que não cansa de romancear o olhar
O garçon flerta o escudo de uma nota sem fim
que a moça cantarola para alguém
parecido com um afago, um carinho, um pedaço de gim
o espicho da cachaça de um baque que vai e que vem
E na hora da partida todos querem a porção
o subeijo que a alma que trafega, perdoa
e da azia do amor que os vultos se vão
uma chuva que se enche do porre que engole e ressoa
E nas mãos que os amantes noturnos serão
tramulejam o indício de um novo dia
são preparos de batidas que se acham o limão
como línguas, seios, pescoços e todos que se saciam.
Cgurgel
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