quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
FOME
A boca da morte que mastiga o vazio
se parece com alguém que imagina o ar que seu corpo chama
o verme que a sombra refaz o fastio
são fezes que ao nascer do dia eles nem mamam
O rosto como um espantalho que apura o seu fim
não se move como um passo que tanta sede retém
são pétalas que caem no poço de um gosto tão ruim
que se vê como é podre do que se nota de quem não tem
A boca como um lixo que se abre semelhante a um vômito
não consegue pensar que aquilo que se vê é um horror completo
parece com baratas que se encantam com o céu sujo e afônico
como mijo que se bebe de um pranto tão longe e sem teto
E do olhar que já não pulsa como um leve clarim
que se cega e se come como um bicho que não sabe o que jaz
são como varas, tão esquálidas, recheadas como flores e amores do seu jardim
que já não acordam como árias tão além do que já é demais
Esse humano que agora passa na nossa frente
é um sofrimento que ele faz para fincar pé
como se fosse um pedaço do que restou da gente
um ausente de tanta coisa, como pasto inválido da fé.
Cgurgel
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