quinta-feira, 25 de dezembro de 2008



LAQUEADURA

somos tão pobres de espírito
que nem disfarçamos o mal estar que pelo tempo passa.

Cgurgel

terça-feira, 9 de dezembro de 2008


TOM ZÉ – ESTUDANDO A BOSSA
Por Fabrício Brandão

Em meio ao cinqüentenário tão já anunciado da Bossa Nova, um arauto musical diferenciado rende seus esforços artísticos em torno de seu novo trabalho. É Tom Zé que vem de lá e anuncia todos os seus versos e construções inteligentes possíveis para percorrer o seu Estudando a Bossa. Quem está acostumado a ver aquela sonoridade eivada de múltiplos efeitos rítmicos tão característica dos últimos discos do artista, agora se apercebe conduzido num lugar no qual reinam doses adequadas de lirismo. O cérebro inquieto e brilhante de Tom Zé revela-se aqui na sugestão de uma verdadeira pesquisa musical em torno de momentos e personagens que ajudaram a definir a cara do gênero bossanovista. Sem medo de arriscar, poderia dizer que serve como uma leitura lúcida e bem humorada de aspectos íntimos daquele movimento que se consolidaria até hoje dentro e fora do país. Até parece uma aula de história musical muito bem ministrada pela tão inseparável irreverência do cantor e compositor baiano.
Letras e arranjos aqui estão a serviço de um nível de qualidade e sensibilidade altos. Tom Zé sabe se aproveitar das possibilidades vocais, aliando textos inteligentes a performances vocais femininas precisas. As expressões ricas das vozes de Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Tita Lima, Andréia Dias, Márcia Castro, Jussara Silveira, Fabiana Cozza, Marina de La Riva, Zélia Duncan, Anellis Assumpção e Badi Assad vêm se juntar às intervenções de Tom Zé, algo que promove uma sensação teatralizada de diálogos que cortam as músicas. Através desse trabalho dotado de apuros e virtudes abundantes, é que podemos perceber porque o compositor talvez seja um dos raros ícones de nossa música capaz de ser visto com os olhos adequados da originalidade.
Toda uma fervilhante inventividade é exibida em canções como João nos tribunais, O céu desabou, Síncope Jãobim, Outra insensatez, Poe! (com David Byrne), Mulher de música e Brazil, capital Buenos Aires. Do início ao fim, Estudando a Bossa se revela um álbum impecável, sem, no entanto, carregar a pretensão de servir como um tributo à Bossa. Ante o engrossar do coro daqueles que rendem adoração ao gênero, o mais importante aqui é sentir a música pulsando pelas reflexões alternativas de uma mente insistentemente criativa. O resto é pura sonoridade elevada ao belo e alguma boa desconfiança do que poderia ter acontecido se esse baiano da pequena Irará tivesse inventado aquele movimento.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

" CASA " - texto Virgínia Wolf