sexta-feira, 8 de maio de 2009


NADA
( p/ Anadyr)

nada
nadinha
diz mais
do que a fonte sagrada
do amor

nada absolutamente nada
é maior
do que teu sorriso
revelador

um tanto do muito do tudo do que preciso

nada
assim eu sei
que absolutamente nada
se compara
a sua infinita luz.

Cgurgel

IDIOTAS

idiotas
vivem e vão
eles são como um bufão

voam
explodem
se aquecem

idiotas
pululam
procriam
procuram

eles são tão beócios
incriminam-se
como porcos alados

idiotas
são tão mofados
uma praga assim que dói

e
entre o céu e a terra
eles procriam
como lama que suga o que apodrece.

Cgurgel

HORDA

pouco me dizem
do que falam

nada se parece
com o silêncio
do pássaro que dorme

e a paciência
intranquila e irrequieta
são como dois olhos
lâmina e face
de uma mesma prece.

Cgurgel

quarta-feira, 6 de maio de 2009

CHICO BUARQUE & MART'NALIA


VOLÁTIL CURUMIM

como grama
defeco
sou de fama
eu peco

não desgrudo
não seco
surdo, mudo
mais que um treco

nem termino
o que falo
biscoito fino
pareço um ralo

um perdido
eu não presto
muito querido
eu mesmo testo

e no mais
sou o de menos
o que se leva, traz
uma canoa e seus remos.

Cgurgel

terça-feira, 5 de maio de 2009




é preciso superar madrugadas
e os pedintes dos miseráveis
que conduzindo lágrimas e destroços
amam
e se deixam levar pela correnteza da vida.

Cgurgel

AVATAR

eu não existo mais
o que me prende a terra
são suas nuvens e sonhos.

Cgurgel

segunda-feira, 4 de maio de 2009

PÉRICLES CAVALCANTI - " O Rei da Cultura "

ENGASGO

valha-me
de tanto agridoce sermão

que trespassa passos e pousos
o brio de um fio que me cerca

a fornalha
que aquece
juízos e juízes

e a última sessão
do que ainda resta
da melancolia
que reparte
hinos e mortos.

Cgurgel

PORVIR

fiar
é como olhar para trás
e recolher o bonde da história

a face cogumelada
prensada de fios feridos

e o ser do véu
e a ruma de céus
que estão perdidos.

Cgurgel

SUBLINGUAL

pode-se
falar por tudo

só não pode
calar por nada.

Cgurgel

FOGUEIRA

louco de mim
que não ouso deixar
de ouvir os mendigos

(somos tão fatalmente aéreos)

gostaria que eu pudesse sorrir

e migrar
pelas favelas
que acolhem vidas.

Cgurgel

sexta-feira, 1 de maio de 2009

WILSON SIMONAL - "NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI"


PARAÍSO

(p/ Anadyr)

toca-me
de flôres
para quem
há de ser
entre paraísos

ata-me
de harpas
como um transe
entre pernas
e lagos

queda-me
de luxo
como quem
há de vir
por entre o amor
e o sempre

leva-me
de lírios
no meio da noite
que se desnuda
por entre
seios
e ceias

banha-me
de traços
como quem me pede
trêmula
o doce da língua
que me faz sonhar.

Cgurgel